
Soneto de Natal (Machado de Assis)
Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço no Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.
Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"
Final de ano (Borges)
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"
Final de ano (Borges)
Nem o pormenor simbólico
de substituir um dois por um três
nem essa metáfora baldia
que convoca um lapso que morre e outro que surge,
nem o cumprimento de um processo astronómico
aturdem e solapam
o altiplano desta noite
e nos obrigam a esperar
as doze irreparáveis badaladas.
A causa verdadeira
de substituir um dois por um três
nem essa metáfora baldia
que convoca um lapso que morre e outro que surge,
nem o cumprimento de um processo astronómico
aturdem e solapam
o altiplano desta noite
e nos obrigam a esperar
as doze irreparáveis badaladas.
A causa verdadeira
é a suspeita geral e confusa
do enigma do Tempo;
é o assombro ante o milagre
do enigma do Tempo;
é o assombro ante o milagre
de que a despeito de infinitos acasos,
de que a despeito de que somos
as gotas do rio de Heraclito,
perdure algo em nós:
de que a despeito de que somos
as gotas do rio de Heraclito,
perdure algo em nós:
imóvel.
02.01.2010 Ricardo, mestre-irmão! Sabie este que você também era machadiano, benza a Deus! Feliz ano novo pra você e família todaaaa!! PCSampaio www.benedictus.com.br
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