sábado, 28 de agosto de 2010

M(eu) eu e M(eu)s outros

Ouvi batidas à porta de mim
e deparei comigo ao me abrir:
era eu a querer de mim fugir,
do labirinto que sou eu - sem fim...
Meus olhos os meus olhos invadiram,
e o que vi dessa visão foi só eu
na sede mansa de encontrar no breu
a porta que meus dedos já abriram...
A porta a ser aberta lá estava,
e quando ia abri-la, deste lado,
do outro j'[a me sinto preparado
neste gesto de mão que a destrava...
E quem tudo isso agora me contou
não foi este que sou, mas o que estou.
(Marcos Bagno, Vaganau)

sábado, 7 de agosto de 2010

Belas e esquecidas canções II


Fumo
Raimundo Fagner / poema de Florbela Espanca


Longe de ti são ermos os caminhos

Longe de ti não há luar nem rosas

Longe de ti há noites silenciosas

Há dias sem calor, beirais sem ninhos


Meus olhos são dois velhos pobrezinhos

Perdidos pelas noites invernosas

Abertos sonham mãos cariciosas

Tuas mãos doces, plenas de carinhos


Os dias são outonos, choram, choram

Há crisântemos roxos que descoram

Há murmúrios dolentes de segredos
Invoco o nosso sonho, estendo os braços



E é ele, ó meu amor, pelos espaços

Fumo leve que foge entre meus dedos.




Dono Dos Teus Olhos
Humberto Teixeira

Não te esqueças que eu sou dono dos teus olhos
Faz favor de não espiar pra mais ninguém
Esse azul cor de promessa dos teus olhos
Faz qualquer cristão gostar de tu também
Que nosso senhor perdoe os meus ciúmes
Quando penso em cegar os olhos teus
Pra que euSomente eu seja teu guia
Os olhos dos teus olhos
A luz dos olhos teus