sábado, 28 de agosto de 2010

M(eu) eu e M(eu)s outros

Ouvi batidas à porta de mim
e deparei comigo ao me abrir:
era eu a querer de mim fugir,
do labirinto que sou eu - sem fim...
Meus olhos os meus olhos invadiram,
e o que vi dessa visão foi só eu
na sede mansa de encontrar no breu
a porta que meus dedos já abriram...
A porta a ser aberta lá estava,
e quando ia abri-la, deste lado,
do outro j'[a me sinto preparado
neste gesto de mão que a destrava...
E quem tudo isso agora me contou
não foi este que sou, mas o que estou.
(Marcos Bagno, Vaganau)

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Os vários EUS que existe no homem talvez seja por causa dos seus VAZIOS!!!!!!!!!

    OS VAZIOS DO HOMEM

    Os vazios do homem não sentem ao nada
    do vazio qualquer: do casaco vazio,
    do da saca vazia ( que não ficam de pé
    quando vazios,ou o homem com vazios);
    os vazios do homem sentem a um cheio
    de uma coisa que inchasse já inchada;
    ou a que deve sentir, quando cheia,
    uma saca: todavia, não qualquer saca.
    Os vazios do homem, esse vazio cheio,
    não sentem ao que uma saca de tijolos,
    uma saca de rebites; nem tem o pulso
    que bate numa de sementes, de ovos.
    Os vazios do homem,ainda que sintam
    a uma plenitude(gora mas presença),
    contêm NADAS,CONTÊM APENAS VAZIOS:
    o que a esponja, vazia quando plena;incham do que a esponja, de ar vazio,
    e dela copiam certamente a estrutura:
    toda em grutas ou em gotas de vazio,
    posta em cachos de bolha, de não-uva.
    Esse cheio vazio sente ao que uma saca
    mas cheias de esponjas cheias de vazio;
    os vazios do homem ou o vazio inchado:
    OU O VAZIO QUE INCHOU POR ESTAR VAZIO.( João Cabral) Rosy Alves.

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