sábado, 5 de junho de 2010

O sujeito do discurso amoroso

Em Fragmentos do discurso amoroso, livro que já foi considerado best seller no Brasil (na época, virou peça de teatro, protagonizada por ator global), Roland Barthes recolhe "cacos de discursos" de textos de origens diversas (literatura, Psicanálise, filosofia, Zen budismo etc.) para tentar flagrar, por meio da linguagem, a presença de um sujeito "amoroso" transdiscursivo. Seguem três trechos do livro, para incitá-los à leitura:


"'Estarei enamorado? Claro que sim, já que espero'. O outro, este, nunca espera. às vezes, quero bancar aquele que não espera; tento me ocupar com outra coisa, chegar atrasado; mas, nesse jogo sempre perco; faça o que fizer, acabo sempre ocioso, pontual, adiantado mesmo. A identidade fatal do amante nada mais é que: sou aquele que espera" (p. 166-167).


"As palavras nunca são loucas (no máximo perversas), é a sintaxe que é louca: não é acaso no nível da frase que o sujeito busca seu lugar - e não o encontra - ou encontra um lugar falso que lhe é imposto pela língua?" (P. 21).



"Eu te amo não tem empregos. Essa palavra, tanto quanto a de uma criança, não é entendida a partir de nenhuma coerção social; pode ser uma palavra sublime, solene, ligeira, pode ser uma palavra erótica, pornográfica. É uma palavra socialmente errante" (p. 174).

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