domingo, 30 de maio de 2010

O discurso científico e a Semiótica


"O discurso da pesquisa é apanhado em sua própria contradição. Para poder dizer o que busca, ser-lhe-ia preciso já o ter encontrado. Se fosse esse o caso, porém, só lhe restaria calar-se, exceto se se tornasse outro, didático, por exemplo, ou, por que não, promocional. Inversamente, se ele fala, e até, se não para de falar, é porque seu próprio fim, em parte, continua a escapar-lhe. E, é claro, ao buscá-lo, ele se está buscando. É, portanto, duas vezes uma ausência (relativa), a do objeto, sempre a construir ou a reconstruir, e aquela que ele experimenta em relação a si mesmo, que o fundamenta e o motiva.

No entanto, já que assim é a lei do gênero, chega um momento em que ele precisa 'se apresentar': nomear-se mostrando-se, situar-se dizendo do que se ocupa, em suma, alegar o que é, como se conhecesse a própria identidade e soubesse exatamente o que faz, enunciando-se: como se fosse transparente ao próprio olhar e já inteiramente presente diante de si mesmo" (LANDOWSKI, E. Presenças do outro, ed. Perspectiva, São Paulo, p. 09)

* Intitulei esta foto de "A presença do sentido". Extraída do blog do Érico www.memoriasdaescrita.wordpress.com

2 comentários:

  1. Ótimas reflexões, meu amigo!
    Um abraço da
    Tércia

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  2. Que ótimo 'roubo", Dr. Leite !

    A citação é apropriadíssima mas é fácil compreender que o que é "já se foi" e o resto é construção, nem que seja uma invenção de si mesmo, para constar nas laudas deste processo burocrático em que entornam vidas!

    Uma pergunta "sem pretenções": o texto vem a ser uma leitura do meu poema, ou motivado por? (Assim como a foto é?)

    Abração, érico

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