segunda-feira, 14 de junho de 2010

Dia dos (e) namorados


À musa (Marcos Bagno)

Faz muito tempo que não te visito
em sua casa de soluço e sombra,
em tua oficina escura de brandas inutilidades,
cinzéis diáfanos
forjas vaporosas
bigornas de névoa,

instrumentos que se me oferecem, trêmulos,
decerto temerosos de não mais caberem
na fôrma dessacralizada dos meus dedos.

Houve um tempo em que éramos tão facéis,
tão imediatos em nos reconhecermos,
eu sempre lesto e ávido a recolher teus nomes,
tu a me derramares um cântaro inesgotável deles.

Hoje, transcorridos séculos de ausência,
venho de novo bater à tua porta,
saudoso de ti e de mim,
arrependido de minha prologanda apostasia,
mendigo das migalhas do teu banquete.

- Posso?



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