sábado, 30 de maio de 2009

A poesia de Julio Cortázar


Cortázar foi um mestre na arte do conto. Aos que não conhecem o viés poético de sua obra, apresento-lhes um belo poema, ou será um conto... que canta e que se conta... ?


PARA CRIS


Agora escrevo pássaros.

Não os vejo chegar, não escolho,

de repente estão aí,

um bando de palavras

a pousar

uma

por

uma

nos arames da página,

entre chilreios e bicadas,

chuva de asas,

e eu sem pão para dar,

tão somente deixo-os vir.

Talvez seja isto uma árvore,

ou quem sabe, o amor.


Tradução Sidnei Schneider, 2007


PARA CRIS


Ahora escribo pájaros.

No los veo venir, no los elijo,

de golpe están ahí,

son esto, una bandada de palabras

posándo se una

a

una

en los alambres de la página,

chirriando, picoteando,

lluvia de alas

y yo sin pan que darles, solamente

dejándolos venir.

Talvez sea eso un árbolo

talvez el amor.


Julio Cortázar, Cinco últimos poemas para CrisSalvo el crepúsculo, 1984.

4 comentários:

  1. LINDO! GOSTEI MUITO. PARABÉNS PELO BELÍSSIMO POEMA. QUANTA POESIA TINHA ESTE JULIO CORTÁZAR. ESTOU LENDO "ÚLTIMO ROUND". E ME SENTI INSPIRADO A ESCREVER TAMBÉM.
    GOSTEI DO BLOG. PARABÉNS, RICARDO LEITE.

    TRIMA@IG.COM.BR

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  2. POEMA LINDO DE JULIO CORTÁZAR. ESTOU LENDO ULTIMO ROUND E ESTOU GOSTANDO MUITO. PARABÉNS, RICARDO LEITE PELO BLOG.

    TRIMA@IG.COM.BR

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  3. Belíssimo. Estava procurando Fantomas contra los
    vampiros multinacionales, de 1975, publicado num
    periódico dissidente brasileiro:"Versus". Perdi por
    um incerto descuido, em mudanças, e agora uma livraria me informa achar-se esgotado na fonte.

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  4. Após ler algumas obras deste excelente autor, ganhei mais gosto ainda pela Literatura Espanhola...

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