segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Notas de Sartre sobre a tristeza e a alegria.

Lendo o pequeno livro de Sartre, Esboço para uma teoria das emoções, deparo-me com os trechos abaixo, em que o autor fala da abordagem fenomenológica da (s) tristeza (s) e da alegria:
A tristeza passiva visa a suprimir a obrigação do sujeito-triste de buscar novos meios que substituam os meios antigos, de transformar a esttutura do mundo substituindo sua constituição presente por uma estrutura totalmente indiferenciada. "trata-se, em suma, de fazer do mundo uma realidade afetivamente neutra, um sistema em equilibrio afetivo total, de abandonar os objetos com forte carga afetiva, de levá-los todos ao zero afetivo e, desse modo, aprendê-los como perfeitamente equivalentes e intercambiavéis". " Em outras palavras, por não poder e querer realizar os atos que projetávamos, fazemos de modo que o universo nada mais exija de nós."
A tristeza ativa, por seu turno, implica uma espécie de recusa, de abandono de responsabilidade. "Há um exagero mágico das dificuldades do mundo. Este conserva, portanto, sua estrutura diferenciada, mas aparece como injusto ou hostil porque exige muito de nós, isto é, mais do que é humanamente possível lhe dar". Tudo permanece, então, 'por fazer', pois o sujeito-triste retira de si a responsabilidade do querer fazer, pondo em seu lugar somente o 'desejar fazer algum dia'.
A alegria, para Sartre, é vista como um estado de euforia, de impaciência, no qual o sujeito-alegre "não fica quieto, faz mil projetos, esboça condutas que abandona em seguida, etc. É que, de fato, sua alegria foi provocada pelo aparecimento do objeto de seus desejos[...]. Mas, embora esse objeto seja 'iminente', ele ainda não está aí, ainda não é dele. Uma certa duração o separa do objeto. E mesmo se está aí, mesmo se o amigo tão desejado aparece na plataforma da estação de trens, mesmo assim é um objeto que só se entrega aos poucos, em breve o prazer que temos de revê-lo vai se atenuar: nunca conseguiremos tê-lo aí, diante de nós, como nossa propriedade absoluta, e percebê-lo de uma só vez, como uma totalidade [...]. A alegria é uma conduta mágica que tende a realizar por encatamento a posse do objeto desejado como totalidade instantânea. Essa conduta é acompanhada pela certeza de que a posse será realizada cedo ou tarde, mas ela busca antecipar essa posse".

Um comentário:

  1. Fiquei mt interessada em ler esse livro...quem nunca chorou de tristeza e de alegria? q coisa louca é sentir, é ser...

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