quinta-feira, 9 de abril de 2009

Mia Couto: a poesia africana


Ser, parecer


Entre o desejo de ser
e o receio de parecer
o tormento da hora cindida

Na desordem do sangue
a aventura de sermos nós
restitui-nos ao ser
que fazemos de conta que somos


Nocturnamente


Nocturnamente te construo
para que sejas palavra do meu corpo

Peito que em mim respira
olhar em que me despojo
na rouquidão da tua carne
me inicio
me anuncio
e me denuncio

Sabes agora para o que venho
e por isso me desconheces


Pequeninura do morto e do vivo


O morto
abre a terra: encontra um ventre

O vivo
abre a terra: descobre um seio

4 comentários:

  1. Surpresa que Mia Couto faz poemas... e parece superior com eles! Bjuk

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  2. Fiz a cadeira de literatura africana a tanto tempo, que havia me esquecido do encanto que é Mia Couto.
    Hj, tenho que agradecer por vc ter me proporcionado esse prazeroso reencontro.

    bj.

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  3. eu acho isso uma besteira esses tais poemas africanos o meu nome é NATALIA ESCOBAR

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  4. Natália, confesso que conheço pouco a poesia africana. Postei estas do Mia Couto pela surpresa que me causaram, já que o conheço e o aprecio como contista, não como poeta. De qualquer modo, um olhar sensato dirá que não são tão ruins assim. agradeço seu comentário. volte sempre Abraços.

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