O nosso grupo de pesquisa -SEMIOce (Grupo de Estudos Semióticos da Universidade Federal do Ceará)- discute, no momento, a semiótica das paixões: tema intrigante e desafiador, a começar pela leitura densa do livro homônimo de Greimas e Fontanille.
Abaixo deixo uma passagem muito elucidativa a respeito do modo como a semiótica trata as paixões. Foi colhida de outro livro: Tensão e Significação, o tratado de Semiótica Tensiva, de Fontanille e Zilberberg (p. 299-300)
"[...]De certo modo, vivenciar uma paixão seria mesmo conformar-se a uma identidade cultural e buscar a significação de nossas emoções e afetos na sua maior ou menor conformidade às taxionomias acumuladas em nossa própria cultura.
Por conseguinte, não pode haver configuração passional sem observador culturalmente competente: uma emoção ou afeto exigem apenas um corpo que sente, e são por isso simples acidentes do devir proprioceptivo, um fazer reativo ou adaptativo de primeiro grau. Já uma paixão é um 'acontecimento' em sentido estrito, isto é, uma tranformação apreendida e reconhecida por um observador. O não reconhecimento dos signos da paixão é um dos motivos mais estereotipados de todas as histórias de amor. Todos os sinais, todas as condições podem estar reunidas, mas é necessário que os parceiros se entendam sobre o lugar desse conjunto na taxionomia passional própria à sua cultura, e até mesmo que eles identifiquem e pronunciem de comum acordo o nome dessa paixão".
"[...]Isso significa que, assim que uma paixão é identificada e denominada, não estamos mais na ordem da dimensão passional viva, mas na dos estereótipos culturais da afetividade. Não podemos portanto começar a descrição das paixões identificando 'unidades' ou 'signos' passionais, sobretudo lexicais, pois tal identificação está de imediato submetida ao crivo cultural do observador".
Abaixo deixo uma passagem muito elucidativa a respeito do modo como a semiótica trata as paixões. Foi colhida de outro livro: Tensão e Significação, o tratado de Semiótica Tensiva, de Fontanille e Zilberberg (p. 299-300)
"[...]De certo modo, vivenciar uma paixão seria mesmo conformar-se a uma identidade cultural e buscar a significação de nossas emoções e afetos na sua maior ou menor conformidade às taxionomias acumuladas em nossa própria cultura.
Por conseguinte, não pode haver configuração passional sem observador culturalmente competente: uma emoção ou afeto exigem apenas um corpo que sente, e são por isso simples acidentes do devir proprioceptivo, um fazer reativo ou adaptativo de primeiro grau. Já uma paixão é um 'acontecimento' em sentido estrito, isto é, uma tranformação apreendida e reconhecida por um observador. O não reconhecimento dos signos da paixão é um dos motivos mais estereotipados de todas as histórias de amor. Todos os sinais, todas as condições podem estar reunidas, mas é necessário que os parceiros se entendam sobre o lugar desse conjunto na taxionomia passional própria à sua cultura, e até mesmo que eles identifiquem e pronunciem de comum acordo o nome dessa paixão".
"[...]Isso significa que, assim que uma paixão é identificada e denominada, não estamos mais na ordem da dimensão passional viva, mas na dos estereótipos culturais da afetividade. Não podemos portanto começar a descrição das paixões identificando 'unidades' ou 'signos' passionais, sobretudo lexicais, pois tal identificação está de imediato submetida ao crivo cultural do observador".
Querido Ricardo,
ResponderExcluirPrimeiro, ótimo post!
Segundo, como é este grupo de estudo da semiótica do Greimas? "Gente como eu" é aceita?...rs...
Abraços, sempre fã
érico